Muitas vezes me têm perguntado porque razão gosto de ser escuteiro, mesmo sem ter tempo disponível e estar já na idade da ternura...
A resposta nunca é fácil, quantas vezes eu próprio me questionei, em pensamentos, sobre as razões de uma ligação emocionalmente tão forte e consistente.
Mas há particularidades neste movimento que são, realmente, únicas: em que outro movimento ou instituição existe uma relação humana equivalente à que é travada, no escutismo, entre adultos e jovens?
Entrei para este movimento em 1980, um pouco antes da filiação do meu agrupamento de sempre, o 625 de Rio de Mouro, e a convite de um caminheiro que já lá andava na formação da unidade. Desde logo percebi que «aquilo» era diferente: as pessoas eram todas simpáticas e todos comunicavam sem formalismos vazios, não havia sr., sra nem tão-pouco você a organização era horizontal e éramos todos tu.
Aprendi a respeitar mas, sobretudo, a admirar os mais velhos bem como a ajudar os mais novos e a trabalhar com os meus companheiros Juniores e Séniores. Reparei que esse respeito e essa admiração vinham naturalmente de dentro de mim sem que tivesse sido preciso que alguém mos solicitasse.
Os anos foram passando e fui crescendo como escuteiro Sénior, depois Caminheiro (com a promessa feita a tempo de vêr João Paulo II na sua 1ª visita a Portugal, mas isso dava mais 30 páginas...) e depois animador da Alcateia com 17 anitos bem vividos. Acabei com um «verde» ao pescoço e cá ando até sei lá quando. De adolescente, passei a jovem adulto e, depois, a irmão mais velho (o carinhoso termo escutista para «cota»). Aquele respeito e aquela admiração pelas minhas referências escutistas permanecem bem vivos e agora reparo, também, que os elementos mais novos do agrupamento demonstram por mim um respeito, um carinho e uma admiração que são como um permanente alimento da alma. Consciente de que poderei ser para aqueles mais novos o que, para mim, foram o Chico, o Alfredo, o Zé Luís, a Bita e tantos outros que começaram esta aventura.
Juntando tudo isto obtemos um ambiente único, um movimento escutista de base em que os escuteiros e os seus chefes se admiram e estimam mutuamente como se não existisse nenhuma diferença de idades, que esta relação perdura no tempo e que, mesmo quando alguns se afastam do movimento permanecem no coração. Não conheço outros movimentos em que isto seja assim e talvez o segredo esteja, justamente, nesta simplicidade. E a ser assim, também os conflitos que surgem a outros niveis do CNE encontrem nisto explicação: talvez as pessoas aí se tenham esquecido da simplicidade das bases!
Porque sou escuteiro? Porque me sinto bem aqui!
Já volto
10 fevereiro 2008
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